texto por:Dr Alessandra Drummond, dermatologista na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. CRM 52-8943-5 RQE 23850

Melanoma pode parecer uma bobagem para os leigos, apenas um sinal na pele, mas saibam que esse sinal pode se espalhar pelo corpo e levar à morte.

Estamos nos aproximando do “Dezembro laranja”, que é uma campanha de conscientização sobre o câncer de pele, com foco especial no melanoma.

Assim como o “Outubro Rosa” para o câncer de mama e o “Novembro Azul” para o câncer de próstata, o Dezembro Laranja busca educar a população sobre a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do melanoma e de outros tipos de câncer de pele.

A campanha visa informar o público sobre os riscos do câncer de pele, principalmente do melanoma, e a importância da proteção solar e do auto exame regular da pele.

Falamos sobre a importância do uso de protetor solar, do cuidado com a exposição solar, do uso de roupas de proteção e sobre evitar os horários de maior intensidade solar. 

Enfatizamos também a necessidade de identificar precocemente quaisquer alterações na pele, incentivando as pessoas a realizarem exames regulares e a procurarem um dermatologista ao notarem qualquer sinal suspeito.

O câncer de pele é o câncer mais comum do mundo e apesar de poder dar metástase, se espalhando pelo corpo, sua taxa de cura é super alta quando detectado precocemente.

Então, vamos aproveitar a oportunidade da campanha para falar um pouco sobre o Melanoma? Ele não é o único câncer de pele, e por sorte, também não é o mais frequente, mas é o mais grave e que exige maior atenção.

O que é Melanoma?

O melanoma é um tipo de câncer de pele que se origina nas células produtoras de melanina, conhecidas como melanócitos.

É uma das formas mais agressivas de câncer de pele e pode se espalhar para outras partes do corpo, tornando o diagnóstico precoce e o tratamento essenciais para a sua gestão eficaz.

O melanoma se desenvolve quando os melanócitos sofrem mutações genéticas que os fazem crescer de maneira descontrolada, formando tumores malignos na pele.

A exposição excessiva aos raios ultravioleta (UV) do sol é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do melanoma. Entretanto, outras causas genéticas e ambientais também podem desempenhar um papel significativo.

Quais os Fatores de Risco para melanoma?

  • Exposição aos raios UV: A exposição excessiva ao sol sem proteção adequada, bem como o uso frequente de câmaras de bronzeamento, aumenta o risco de melanoma.
  • Histórico Familiar: Pessoas com familiares que tiveram melanoma têm um risco aumentado de desenvolver a doença.
  • Cor da Pele e Sardas: Indivíduos com pele clara, cabelos claros e sardas têm maior propensão ao melanoma devido à menor quantidade de melanina na pele.
  • Imunossupressão: Pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos, seja por doenças ou medicamentos, têm maior probabilidade de desenvolver melanoma.

Vemos então que existem alguns fatores de risco genéticos que não podem ser evitados, mas nosso papel é conscientizar sobre a exposição ao sol.

Se uma pessoa que já tem uma probabilidade maior de ter melanoma se expõe ao sol, ela está dando maior chance para a doença se desenvolver. 

Como prevenir o melanoma? 

A prevenção do melanoma está fortemente associada a práticas saudáveis de proteção solar, como:

  • Uso de Protetor Solar: Aplicar protetor solar com FPS adequado e reaplicar regularmente, especialmente após nadar ou suar;
  • Evitar Exposição Solar Intensa: Permanecer na sombra durante os horários de maior intensidade solar (geralmente entre 10h e 16h) e consultar o índice UV antes de se expor;
  • Vestuário Adequado: Usar roupas que protejam a pele, como chapéus de abas largas e roupas de manga longa;
  • Proteger as crianças!! Isso é um assunto muito importante e merecia um texto somente para ele. As crianças estão mais propensas a sofrerem mutações no DNA e queimaduras solares na infância, aumentam consideravelmente o risco de melanoma na idade adulta.

Como saber se tenho melanoma? 

O mais importante é não deixar de fazer uma consulta ao dermatologista com foco em analisar suas pintas, ao menos uma vez ao ano. Algumas vezes, o melanoma pode ser uma lesão muito sutil, difícil de ser percebida em casa.

Apesar disso, o autoexame das pintas é fundamental. Reconhecer o que apareceu de novo e também reconhecer as pintas que de alguma forma sofreram mudanças.

Os sinais do melanoma muitas vezes incluem mudanças na cor, tamanho, forma ou textura de um sinal na pele (também conhecido como nevo). O câncer de pele pode aparecer como uma nova lesão ou pode se desenvolver em um sinal existente. 

Alguns sinais de alerta incluem:

  • Assimetria: Uma metade da lesão é diferente da outra.
  • Bordas irregulares: Contornos pouco definidos ou irregulares.
  • Variação de cor: Mudança na cor ou presença de várias cores em uma lesão.
  • Diâmetro: Lesões com mais de 6 mm de diâmetro.
  • Evolução: Mudanças na forma, tamanho ou elevação de um sinal existente.

Se houver alguma dúvida, solicitamos uma biópsia para excluir ou confirmar o diagnóstico.

Tenho melanoma. E agora? Qual o tratamento?

O tratamento do melanoma geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, que inclui dermatologista, cirurgião, patologista e oncologista. 

Procure uma clínica de dermatologia que tenha todos esses profissionais envolvidos.  Após a realização da biópsia, com a confirmação do resultado, o dermatologista ou cirurgião plástico irá realizar a ampliação da lesão.

O tamanho dessa ampliação vai depender do quanto profunda está a lesão e essa informação é mostrada pela biópsia. Por isso a importância de uma biópsia bem realizada.

A biópsia precisa envolver a retirada de toda a lesão para poder mostrar o quanto ela se aprofundou. Se for removido apenas um pedaço dela ou se não for removida com a profundidade suficiente, o patologista terá dificuldade em fornecer essa informação e a próxima etapa do tratamento, que é ampliar a margem, estará comprometida.

Após o resultado da biópsia, as próximas etapas serão:

1- Cirurgia mais ampla

A remoção de uma margem de pele saudável ao redor é uma parte fundamental do tratamento inicial, pois algumas células cancerígenas podem ter se espalhado ao redor.

O tamanho dessa ampliação, como explicado, vai depender da profundidade do tumor, um índice na biópsia definido como Breslow.

2- Encaminhamento para oncologista

Tumores “in situ”, não invadiram e não precisam de oncologista. O paciente segue acompanhando com dermatologista a cada 3 meses. Tumores invasivos precisam de exames de imagem e de sangue, em busca de metástases

3- Nova avaliação de todas as pintas. Pode ser indicado um exame chamado Mapeamento Corporal Digital

Essa técnica envolve o uso de sistemas de imagem avançados, como câmeras de alta resolução e softwares especializados, para capturar imagens detalhadas da superfície corporal.

O mapeamento corporal digital representa uma importante ferramenta no arsenal de prevenção e diagnóstico precoce do melanoma, oferecendo uma abordagem inovadora e complementar aos métodos tradicionais de monitoramento da pele

Conclusão

O melanoma é um câncer de pele sério e potencialmente fatal, mas a detecção precoce, o tratamento eficaz e a prevenção são fundamentais para melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes.

O entendimento dos fatores de risco, sinais e sintomas, além do acesso a cuidados médicos adequados, desempenham um papel crucial na gestão e no combate a essa doença.

A conscientização e a educação sobre medidas preventivas são essenciais para reduzir a incidência de melanoma e salvar vidas.

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Fátima Watanabe, biblioteconomista formada pela UFMG, iniciou sua carreira escrevendo sobre Dante Alighieri. Atualmente, é pesquisadora, utiliza palavras-chave na didática e produz editoriais e artigos.