Ostomia

Ostomia: procedimento cirúrgico visa a promover qualidade de vida

Brasil possui 50 mil pessoas ostomizadas. Intervenção pode ser indicada para pacientes com diferentes diagnósticos

No Brasil, há cerca de 50 mil pessoas ostomizadas, que passaram pelo procedimento cirúrgico para a criação de um acesso alternativo para o auxílio da respiração, da alimentação ou da eliminação de fezes e urina. O dado é da Associação Brasileira dos Ostomizados (Abraso), que destaca a necessidade de falar sobre o assunto para disseminar a informação correta e, também, reduzir o preconceito.

As autoridades de saúde explicam que a ostomia é uma intervenção capaz de proporcionar maior qualidade de vida ao paciente. De acordo com o Ministério da Saúde, ela pode ser indicada para pessoas com câncer, Doença de Crohn, Doença de Chagas, má-formação congênita, doenças neurológicas e crônico-degenerativas e em casos de traumas abdominoperineais.

Há diferentes tipos de ostomia. A urostomia é um procedimento da área de urologia para que seja criado um caminho para a passagem da urina. Já a colostomia é uma intervenção feita no intestino para a eliminação das fezes. A traqueostomia é indicada com o propósito de melhorar o fluxo respiratório do paciente. Há, também, a gastrostomia, que realiza a comunicação do estômago com o meio externo no intuito de auxiliar a alimentação. 

As cirurgias podem ser indicadas pelo médico urologista, proctologista, gastroenterologista, oncologista, otorrinolaringologista e clínico geral. O procedimento pode ser temporário ou definitivo; cada caso é avaliado conforme as condições de saúde apresentadas pelo paciente.

Cuidados no pré e no pós-operatório

A ostomia pode ser prescrita para pacientes de todas as idades. Quando há a indicação, é necessário que a pessoa e os responsáveis sejam orientados sobre os cuidados que a intervenção exige. As autoridades de saúde alertam para que a orientação comece no período pré-operatório e seja multidisciplinar.

O Ministério da Saúde esclarece que o paciente ostomizado vive um processo de adaptação para a realização das atividades diárias, o que nem sempre é fácil na fase inicial. Além das orientações sobre como cuidar do estoma – orifício criado como alternativa de comunicação com o meio externo – e as informações sobre o uso e a escolha dos equipamentos coletores e adjuntos, também é necessário o suporte psicológico. 

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza unidades de Serviço de Atenção às Pessoas Ostomizadas, com uma equipe multiprofissional que realiza o atendimento dos pacientes e fornece os equipamentos necessários.

Na Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), que integra o SUS, há 18 anos é oferecido o Serviço de Estomaterapia para o atendimento de crianças com estoma e seus familiares. O trabalho inclui esclarecimentos sobre os cuidados de saúde, a prevenção às complicações e, também, uma abordagem sobre os aspectos sociais, como a inclusão escolar e a convivência familiar. O acompanhamento é feito no período pré-operatório e mantido após a alta da criança.

Qualidade de vida

De acordo com a FioCruz, a ostomia não deve ser considerada um problema, mas uma intervenção para proporcionar maior qualidade de vida ao paciente. Com as adaptações necessárias e as orientações corretas sobre os cuidados de saúde, o ostomizado pode manter as atividades de trabalho, escola e lazer. 

A presidente da Associação Mineira de Ostomizados, Alessandra Castro, foi diagnosticada com Doença de Crohn em 2000. Seis anos depois, foi ostomizada. Atualmente ela profere palestras para informar pacientes, familiares e profissionais de saúde sobre o assunto.

Autora do livro Registros de uma Crohnista, Alessandra destaca que manter a população bem informada é fundamental para a promoção da saúde e o enfrentamento do preconceito, considerado por ela uma das questões mais delicadas para a pessoa que convive com o estoma. 

Os ostomizados são reconhecidos como pessoas com deficiência, conforme o Decreto Presidencial nº 5.296/2004, e têm seus direitos amparados por lei.

Compartilhe o artigo

Marco Jean

Marco Jean

MAIS POSTAGENS